
Tentar entender o que é o underground!?:
Tanto discutem na música eletrônica...
Mas o que senti ser um momento "underground", em grupo...
Consigo descrever por alguns exemplos, que sinto ter passado.
Nestes lugares, haviam muitas pessoas reunidas, não existiam posições e classes, os melhores, os top, padrões de roupa, só uma identidade de gênero, nem apenas uma orientação sexual. Todos gostavam muito do estilo musical, não importava o local e sim o ambiente que aquela união proporcionava, a energia em comum ou "vibe" como os jovens falam.
Em rodas de viola sertaneja ou gaudéria, por ai na vida. Churrasco, fogo de chão, gente de tudo que era lugar, alguns à caráter, outros à rigor, outros nem ai para isso. Todos cantando as músicas, dançando, confraternizando como se fossem um.
Rodas de samba pelo Brasil. Na Bahia uma mecânica de dia, pela noite virava roda de muito samba e MPB. No Rio nos lugares mais inusitados, vielas e botecos inacreditáveis, como a Casa Rosa, nas Laranjeiras. Em Porto Alegre em vários bares de esquina, no centro, perto do gasômetro, onde me criei. Eram sempre lugares simples, mas quando havia samba, todos esses locais, do mais malandro ao nerd, todos graus de emprego, batiam na palma da mão, cantavam a canção. Nenhum pé era doente, inclusive os mais desengonçados. Alguns tinham feijoada, outros churrasco, galeto. Mas a cerveja gelada e a caipirinha bem brasileira nunca faltavam.
No Hip Hop, Rap, Rn'B, Black Music, Funk* Muitas vezes eram em garagens, galpões abandonados, embaixo de pontes. Pessoal se juntava, o DJ soltava o som, todo mundo dançava como se não houvesse amanhã. Muitos lugares, os bailes eram como um corpo apenas dançando, fazendo passinhos iguais, pela noite toda. Em PoA, era moleque, acontecia nos bailes do Jara, os melhores e mais dançantes. Os encontros das pessoas na rua dos Andradas, distribuindo os panfletos dos locais das festas um dia antes, lá por volta de 1984.
Quantas vezes na praia, galera preferia ao invés de ir para "festinha" ou pro centrinho movimentado. Pegar uns isopores, garrafa de 5 litros de vinho, fazer uma fogueira e passar a noite na praia, em volta do fogo e fumaça, com uma viola e uns bongôs, apenas pelo ajuntamento e lazer bem desfrutados.
Rock, indie e punk, vi na Osvaldo Aranha dos anos 90, na Garagem Hermética. Às vezes rolava nos primeiros anos do Opinião, quando era uma casinha de esquina, onde hoje é aquela super casa de shows.
Em Porto Alegre, rolava o som conceitual, das vertentes eletrônicas consideradas underground, na Fulltronic e na Spin, mas o underground mesmo, completo. Aconteceu no Fim de Século, nas garagens de Canoas.
Rola uma confusão, entre o som conceitual e o que é underground. Até pela história, de onde vem a música eletrônica. Muitos locais tem uma sonzeira, som conceitual. Mas o underground mesmo, acontece em muito after.
Não é o bpm da música, não, não é a velocidade do som!
As roupas, como a pessoa anda, com quem ela anda, o óculos, não é só se vestir, muito menos sentir que é melhor que os outros, o que sabe, o maior habitante do mundo subterrâneo.
A festa não é
Só é de voltar ou relembrar!
Se ela não é chata, com som chato e cansativo, pessoas mau educadas e sem respeito nenhum.
Isso sim, é
Nesses quase 25 anos curtindo noite, poucas baladas eletrônicas uniam o som conceitual, com o que sinto transcender para um momento underground. Mesmo assim, elas não deixaram a desejar, em nada por isso! A sinergia, tal da "vibe" de todos interagindo pela música, era uma questão de estar e sentir. Todos que foram só para ver, se deram mal.
Sei de uma coisa!
Amo música, muitas vezes me leva para locais sensacionais e impecáveis...
Outras para picos além do underground...
O mais importante não foi e nunca será porque o lugar é o mais under...
Ou o pessoal é o mais "hype".
Quando o DJ, Produtor ou quem faz a festa, merecem esse deslocamento!
Onde vai ser e quem vai estar no local, é o de menos. Sempre serão irrelevantes.
Viva a música boa e pra onde ela nos leva!
E se tiver after, dai sim que é tri.
#semmais
......................................................................................... P.A.:
*(Por favor não confunda com os de ostentação. Aqui falo de bandas como Funkadelic, grooves da black music dos anos 70, esse groove nasceu naquelas igrejas Batistas americanas. O Funk que rolava nessas festa com a batidas mais retas e letras mais voltadas para consciência social, comunidade e favela, misturados com a idéia do Rap. Na época esse funk, "era coisa de marginal, bandido, a grande maioria eram os Proibidões. Agora todos cantam "par lá pa pa parlá clakibum". Nasceu por causa do Miami Bass também americano).
** SER DO POVO é o mais underground de todo "underismo". Sem grana, sem emprego, assaltado, impostado, cobrado, desviado, usurpado e sorrindo no carnaval.
***Não citei todas casas, estabelecimentos, apenas alguns exemplos, para as analogias.
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