Este texto é inspirado no desabafo de Fabio Elias, CEO da Relespública.
Se você acha que essa foto acima, ou a foto abaixo representam a DJ LIFE, nem leiam esse texto, vou sentir como se tivesse perdido meu tempo ao escrevê-lo. Não precisa ler, pois se essa é sua consciência musical ou artística sobre o assunto, você é perda de tempo também.
Ganha-se cachês hoje em dia em vários âmbitos: casamentos, formaturas, eventos, aniversários, debutantes, hip hop, música eletrônica, open format...
Hoje posso falar como DJ de música eletrônica, mas não comecei nesse meio. Percorri um longo caminho até poder fazer o que gosto por completo. Então, sobre quem fala de "ser" DJ, produtor, ou os dois; investir, seu tempo, vida neste trabalho. Talvez isso possa auxiliar se você realmente ama.
Tenta ser DJ, buscar a "discotecagem" como profissão, levar a sério...
Dono da sua mixagem ou da mistura musical, pesquisa, busca artística. Faça planos dos ousados aos mais humildes, trace buscas individuais que se adaptem a performance do que o momento, o mundo contemporâneo te oferece na semana, mês, ano.
Faça projetos que saciem a sua necessidade artística e a demanda que não é saciada, o equilíbrio entre os dois é muito importante. Agregue algum valor para cena local, regional, nacional. Seja qual for a cena, trabalhe duro, se dedique e atualize seu produto. Contrate quem puder além de poder desempenhar o seu som, corra o risco de tratar e fazer tudo direitinho e que o artista não seja muito mimado para não faltar uma das 50 toalhas brancas.
Marque gigs (shows), organize a sua agenda, trate com os contratantes, seja educado e tenha força quanto ao preço que vais cobrar, pois o valor das coisas não se mede. Seja muito profissional quando estiver executando sua profissão, busque ao menos o melhor que és.
Gaste seu tempo pesquisando todas semanas do resto da sua vida, pelo menos todas que puder, todos dias que for capaz. Use o espaço-tempo para aprimorar suas mixagens. Separe as mensais, anuais. Cada set que for apresentar ao vivo, seja das que mais gostaria de tocar em uma sequência que sentiu ser a mais agradável ou adaptável ao club, festa, sunset, after, label, rádio, etc..
Se puder ter grana sobrando algum dia, com o preço que pagam por cachês, monte um home studio, produza suas músicas, cada música terá seu valor. Tente abrir porta com DJs e produtores mais experientes, buscar labels que possam lançar suas músicas para serem comercializadas pelo mundo, quanto maior essa busca, mais labels que sempre quis aparecerão, isso caso consiga comprar suas coisas, pois ganhas o suficiente para se bancar e, digamos, "luxos". Afinal na realidade das últimas duas décadas é como ser jogador da série A, o resto já sofre bem mais para tentar ser algo relevante.
Se sobrar grana para colecionar as novidades musicais que ama em vinil, se conseguir ter no seu home studio dois toca discos para mixagem, você é mais iluminado ainda.
Tente fazer tudo isso financiando seu amor pela música, apenas com o trabalho que vem da música e seu profissionalismo. Sem precisar ter um segundo ou terceiro emprego para se sustentar. Tratando com a maior coragem e dignidade que for capaz de suportar.
Gaste grana com fotografias feitas por profissionais; figurinos criados por profissionais; faça seu logo, marca, souvenirs, adesivos, com os profissionais da área, pague eles como gostaria de ser pago na sua profissão. Gaste grana com o marketing e propaganda do seu trabalho, use os meios de comunicação que mais se adaptem a sua marca e estilo, busque todos que possam consumir seu produto com gosto, que se agradam de seu trabalho e gostam de suas linhas sonoras. Se for o caso, faça pesquisas mais detalhadas e buscas mais ousadas, com seu dom ou esforço.
Também é arte, então você pode criar, inventar, pinte esse quadro em branco, como achar que vai te expressar melhor.
Mas não pense que será uma maravilha, uma barbada, vai cair tudo do céu como mágica. Você vai ter que doar seu suor e nunca desistir no meio do caminho, manter a fé no bom trabalho e nas buscas de realizar um sonho tão cruel em meio a sociedade totalmente descabida. Única fórmula mágica que conheci durante esse tempo foi o tal do TRABALHO.
Dai tenta por um ano se conseguir essa façanha:
Dormir em rodoviárias e aeroportos, sua cama ser os bancos de avião, carros, ônibus até chegar na próxima festa, deitar nos chãos de bar pois vai demorar para seu translado sair. Pagar caro por seus instrumentos, equipamentos. Dividir cachê com quem fecha a data pra ti depois de todo esse envolvimento. Repartir cachês com egos inflados, superficiais e onipotentes segundo eles.
Não ser aceito como profissional pelos mesmos egos, veja bem, sempre haverão pessoas melhores, profissionais melhores, não é sobre isso. Nenhuma mulher confiar de forma alguma, sempre haver a dúvida, as cobranças e as imaginações. Abrir mão de muitos eventos de amigos e familiares, casamentos, formaturas, aniversários, nascimentos, churrascos, confraternizações, sempre querendo estar presente, mas como um baita trabalhador que também és, sabe que tem seu compromisso.
No mundo contemporâneo, não ter cheque especial, não ter carteira registrada ou assinada, não ter nunca um salário fixo, não ter 13º, não ter férias nunca, não recolher previdência; depois de passar a semana toda pesquisando, se atualizando e se aperfeiçoando, não haverá descanso de final de semana, pois vais passar em translados até os locais de apresentação, dormindo onde determinaram para seu descanso, outras não haverá tempo para descansar pois tem que voltar até a sua casa e o caminho pode ser longo.
Vais usar a segunda feira como seu dia de descanso, pois ninguém é de ferro! Serás tachado de vagabundo, vadio, safado e sem vergonha por escolher esse ramo tão safado e libidinoso.
Passar horas esperando para sua vez de tocar, muitos não respeitarem seu horário; acharem-se no direito de tocar mais meia hora, uma hora, talvez todo seu tempo, pois se acham os fodões; mesmo sendo a atração principal, todos são pessoas dedicadas e merecem o que foi tratado sobre os horários; como se não estivesses esperando com toda calma e paciência por sua vez.
Passar uma hora para receber, esperando as vezes mais, quando você tem contratantes honestos (que pagam, quase todos), perder noites de sono, dias de sono, não bater panela nunca, durante sua apresentação de 1 hora, 2, 3, 8... Colocar uma sequência mixada impecável, para não ter uma que vão dizer: "mas aquela música no meio, aquela não gostei.." tipo, gostei de todo set, mas só falei da única música que não gostei.
Ou quando te colocam por último, mesmo sabendo que os que vão te anteceder são mais inexperientes, sem pesquisa, mas eles são RPs, amigos, ou ainda pior, vão te conseguir uma gig na festa deles.
Va em milhares de lugares pelo Brasil que falam que são bons e são do seu gosto, se relacione com todos nesses eventos sociais. Vá nas festas deles, nos seus eventos, conheça se é bom mesmo, não deixe ninguém formar sua opinião, tanto para pessoas, quanto para artistas, festas, lugares, labels, músicas, gostos. Essa forma de pensar deve partir sempre de ti se te consideras artista.
Suporte todos tapinhas de engraçadinhos, tudo que é anormal e sem noção quando está se relacionando com desconhecidos cheios de animação e vontade de te abraçar ou falar o que pensam, mesmo sem conhecer nada sobre sua pessoa, toda sua jornada para executar seu trabalho, ou pior, desconheçam suas habilidades ou seu apreço por música.
Esteja sempre de bom humor, seja queridão, humilde para caralho, para não te chamarem de babaca! Trate todos sempre bem como gostaria mesmo de ser tratado, sem esperar que sejam com você, mesmo sabendo que a grande maioria ou alguns outros não o farão na recíproca da sua atitude. Além de toda arrogância auto desconhecida dos que acham que são humildes, mas na verdade são pessoas sem educação e sem limites. Para não terem algum motivo para os haters impulsionarem chutes na tua cara no chão, os reis do deboche acharem mais um para pegar no pé por simples prazer, os amargurados que nunca conseguem suas vitórias, tentem te derrotar também.
Nem vou entrar no assunto de ser negro em meio a tudo isso.
Pois a grande maioria não é.
Todos acham que não tem nada a ver isso nesses 2017 ainda.
Viva a DJ LIFE por um ano e veja se vale a pena.
Estou 18 anos nessa, amando cada nova forma de festa e musicalidade, tudo por amor.
Estou 18 anos nessa, amando cada nova forma de festa e musicalidade, tudo por amor.
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A vida de DJ, é sobre a foto abaixo, DJs de qualquer âmbito profissional vão me entender.
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